quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

A solidariedade

Foram recentemente aprovadas as medidas previstas no plano de revitalização económica da ilha Terceira. Curiosamente as reações não tardaram. Reclamando planos semelhantes e chamando a atenção para os perigos desta decisão. Revelando uma atitude condenável face ao problema que os Açores têm em mãos. A presença norte-americana nas Lajes permitiu a injeção de verbas no orçamento regional que, naturalmente, não reverteram apenas para uma ilha. A redução drástica desta presença é um verdadeiro sismo económico e social. Que corresponde a 500 postos de trabalho diretos, e ao seu triplo em indiretos. Soam os alarmes na ilha, mas manda a solidariedade que soem nos Açores. As reações estapafúrdias a que temos assistido minam os princípios fundacionais da autonomia. Fazem das ilhas não apenas um território disperso, mas desunido. Fazem perigar o princípio da solidariedade entre açorianos, a garantia de que quando uma das ilhas estivesse em causa estariam as restantes. Estremece a autonomia. Primeiro foi o conselho de ilha do Faial a reclamar o seu quinhão, esquecido que está da recente solidariedade das demais ilhas quando o investimento para a reconstrução de 1998 disparou. A que rapidamente se somou o conselho de ilha da Graciosa e os empresários de S. Miguel. Assustados com o facto do governo de todos os açorianos pôr em prática os princípios autonómicos que a todos sustentam. E ainda estamos apenas a falar da antecipação de investimentos regionais, da majoração de apoios, como até já acontece para as ilhas da coesão, e do estímulo à economia da ilha que permita mitigar os efeitos da redução. Estas reações são graves, porque oficializam um discurso de guerrilha entre as ilhas. Anti-autonomista, portanto. Que a pode vir a comprometer. Como podem reclamar da falta de solidariedade nacional, se entre os açorianos ela está assustadoramente muito próxima do zero?

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